PRIMAL
foi um dos jogos mais aguardados do seu ano, sobretudo para os jogadores
da comunidade Playstation 2. Todavia após o seu lançamento,
o público e crítica dividiram-se: enquanto que alguns
justificavam as razões do seu descontentamento, outros promoviam
a ideia de que toda a especulação não tinha sido
em vão. Parece haver um consenso de que PRIMAL
não é isento de algumas graves falhas, talvez o preço
a pagar por querer expandir de forma tão dramática os
limites nos jogos de acção e aventura.
Independentemente do sucesso
de mercado e de crítica do jogo, um aspecto nele permanece
intacto e esse nunca esteve - pelo menos a meu ver - em questão:
a primorosa banda-sonora de Bob'n'Barn, nome para uma coligação
de músicos e artistas que já tinham colaborado com a
Cambridge Studios em MEDIEVIL.
O investimento na aventura
de Jen e Scree foi de tal forma avultado que os estúdios optaram
por criar duas frentes na criação da banda-sonora do
jogo, uma orquestrada à qual já fiz menção
e uma outra de temas rock de inspiração heavy-metal,
produzidas pela banda do underground inglês, Vault 13. A alternância
tão abrupta entre temas minuciosamente orquestrados e interpretados
e os ruídos indistintos do grupo musical inglês resulta numa experiência sufocante.
A peça musical aqui
em questão apenas inclui o grupo de 20 temas e variações
que, no fundo, compõe a verdadeira banda-sonora do jogo. Todos
eles são temas únicos e de um elevado requinte e que
não deixam de transparecer as inteligentes referências
que os seus compositores tomaram como inspiração para
esta trabalho. Desde pequenas variações melódicas
ao género do Aprendiz de Feiticeiro de Paul Dukas até
aos mais eloquentes misticismos de Danny Elfman, os temas munem-se
de grande variedade temática e ilustram as diversas situações
de jogo - o que raramente ocorre na maioria dos jogos de video. Faço
um especial destaque aos temas do segundo mundo do jogo, Aquis, onde
os coros harmoniosos traduzem a imersão do mundo aquático,
não isentos às eventuais referências à
obra-prima de Alan Silvestri, a banda-sonora do filme O Abismo.
Apesar das inspirações,
que de qualquer forma só estarão ao alcance dos mais
atentos ouvintes, esta obra de Bob'n'Barn não deve ser considerada
desinspirada, pelo contrário: esta é, sem dúvida,
uma das melhores e mais poderosas bandas sonoras orquestradas de um
videojogo desta geração.